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Biomonitoramento: Como medir um impacto ambiental?

Foto do escritor: Capivara ReflexivaCapivara Reflexiva

Escrito por: Sheila Peixoto

Mestre em ecologia, Universidade Federal de Juiz de Fora


Estudar como o ser humano impacta o ecossistema nunca foi tão importante. E digo mais, não é tarefa fácil. Estamos a todo momento interagindo com o nosso meio, modificando-o constantemente e de formas diferentes. Então como medir o grau desse impacto?! Por exemplo, como avaliar o que causamos em um rio ao jogarmos esgoto doméstico ou industrial?! Ou então, como medir a degradação gerada pelo uso de agrotóxicos em determinados ambientes?!


Uma das formas de se analisar essas questões é através do Biomonitoramento que pode ser definido como: Um método utilizado para se monitorar a qualidade ambiental utilizando os seres vivos encontrados no próprio local. Esses organismos/comunidades de organismo são chamados de bioindicadores de qualidade ambiental ou biomonitores. Existem algumas vantagens de se utilizar bioindicadores. Eles proporcionam uma visão mais completa da saúde do ecossistema e nos permite perceber até pequenos graus de poluição. Dessa forma obtemos uma resposta mais detalhada sobre o impacto que o ecossistema tem sofrido.


Mas qualquer grupo biológico pode ser um bom bioindicador?! Na verdade, existem características que devem ser levadas em conta, como: Ser “grande” (fácil de visualizar), ser de fácil coleta, de fácil identificação (mesmo por um não especialista), ter grande diversidade biológica e ecológica. Ou seja, deve ser um grupo constituído por organismos (1) sensíveis (que necessitam de ambiente limpo); (2) tolerantes (toleram ambientes com qualidade intermediária) e (3) resistentes (sobrevivem em ambientes extremamente poluídos). São exemplos comuns de bioindicadores alguns líquens, briófitas, espécies de anfíbios, algumas algas, macroinvertebrados e etc.


Atualmente, macroinvertebrados bentônicos são organismos amplamente utilizados como bioindicadores de qualidade da água. Este grupo é composto principalmente por larvas de Chironomidae (moscas, pernilongos) larvas de Coleoptera (besouros), ninfas de Odonata (libélulas), Trichoptera (tricópteros), Oligochaeta (minhocas), planárias, crustáceos e outros. Viram como o grupo é diverso?!


Figura 1: Macroinvertebrados Bentônicos de água doce. Fonte: Biourjc


Além disso, cada organismo responde de forma diferente aos impactos ambientais. Por exemplo, imaginem que queremos saber a qualidade da água de determinado rio. Primeiro coletamos, neste caso, os macroinvertebrados que vivem no fundo desse rio. Depois identificamos os organismos e analisamos o grau de tolerância dos seres vivos encontrados. Basicamente, se encontrarmos somente organismos resistentes (ex: Chironomidae, Oligochaeta) e tolerantes (alguns crustáceos de água doce) no ambiente, isso pode indicar que aquele sistema está impactado. Organismos sensíveis (ex: Trichoptera) não conseguem sobreviver se o ecossistema estiver poluído, ou então serão encontrados em pouquíssima quantidade.



Figura 2: Exemplos de organismos sensíveis (Trichoptera), tolerantes (Crustacea) e resistentes (Chironomidae). Fonte:Curious, Science direct, Saint Michael’s College


Já existe na literatura científica amplos estudos que categorizam esses animais de acordo com seu grau de sensibilidade à degradação ambiental. Além disso, existem protocolos ambientais já estabelecidos para determinadas regiões que utilizam os macroinvertebrados como bioindicadores e, nesse caso, só precisamos aplicá-los. Por fim, ressaltamos que o uso do biomonitoramento pode ser uma ferramenta muito útil tanto para empresas de consultoria quanto para órgãos de proteção/gestão/monitoramento ambiental. Além de ser eficaz, é um método barato e acessível aos mais diversos profissionais.


Referências:

CALLISTO, M.; MORETTI, M.; GOULART, M. Macroinvertebrados bentônicos como ferramenta para avaliar a saúde de riachos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 6, n. 1, p. 71-82, 2001.

CORTEZZI, S. S. et al. Influência da ação antrópica sobre a fauna de macroinvertebrados aquáticos em riachos de uma região de cerrado do sudoeste do Estado de São Paulo. Iheringia: Série Zoologia, v. 99 n. 1, p. 36-43, 2009. ISSN 0073-4721.


Link das Imagens:

Figura 1:


Figura 2:

https://curious.royalbcmuseum.bc.ca/caddisfly-architecture/ https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/cumacea; http://academics.smcvt.edu/Vermont_rivers/River%20sites/WR_AllnBrk_361.htm


Link extra:

Protocolo para biomonitoramento com as comunidades bentônicas de rios e reservatórios do estado de São Paulo: https://cetesb.sp.gov.br/aguas-interiores/wp-content/uploads/sites/12/2013/11/protocolo-biomonitoramento-2012.pdf < acesso em 28/08/2019>

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