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VOCÊ SABE COMO FUNCIONA A CIÊNCIA NO BRASIL?

Foto do escritor: Capivara ReflexivaCapivara Reflexiva

Os alunos de graduação e pós-graduação e o papel que desempenham na produção científica no Brasil


Por Jéssica Andrade Vilas Boas e Franciane Cedrola


Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação da Natureza - Universidade Federal de Juiz de Fora



No Brasil existem diversos centros de pesquisa os quais, em sua maioria, se concentram no interior das Universidades Públicas, os quais são sustentados com verbas públicas, mas que também recebem financiamentos privados. Aliadas às Universidades, no entanto, existem vários institutos e fundações de pesquisa, como por exemplo, a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), os quais, além de apresentarem vínculo com Universidades públicas e privadas, também conseguem outros tipos de recursos para o desenvolvimento de suas pesquisas.

A carreira de pesquisador no país, ou a chamada Academia, começa muito cedo. E inclusive, existem pesquisadores que começam a carreira ainda no Ensino Médio, quando participam de processos seletivos para fazer parte de grupos de pesquisa e desenvolver projetos juntamente com as atividades do colégio. É muito interessante, pois muitos alunos descobrem o interesse por determinada área e podem transformar esse interesse em profissão futura, tornando-se pesquisador. Esta fase é conhecida como Iniciação Científica Júnior (IC- Júnior) e os alunos, neste caso, vivenciam todo o ambiente acadêmico, participando de projetos científicos maiores, auxiliando em experimentos, aprendendo técnicas de pesquisa e participando de eventos científicos. Você está no Ensino Médio? Procure algum programa de IC-Júnior e participe da produção científica no Brasil! O legal deste programa é que os alunos de IC-Júnior se tornam veículos importantes de divulgação da ciência para a população, pois eles são convidados a contar aos demais alunos do colégio e para a comunidade ao redor, suas experiências na Academia. Entretanto, ainda que esta experiência seja muito interessante e enriquecedora, não são todos os alunos que possuem esta oportunidade, pois são poucas as bolsas de IC-Júnior disponíveis no Brasil.

Assim, para muitos pesquisadores brasileiros, a carreira inicia-se já durante o Ensino Superior, ou seja, quando são alunos em alguma Universidade. Dentro das Universidades, a ciência está presente desde os primeiros períodos da graduação. São muitas linhas de pesquisa e oportunidades e qualquer aluno pode contribuir com projetos científicos. Para participar destes projetos, os alunos procuram um professor especialista na área de interesse e começam a trabalhar, aprendendo a rotina de um pesquisador. Essa etapa é chamada de Iniciação Científica (IC) e, geralmente, o aluno de IC é colocado dentro de projetos maiores, que são conduzidos por professores e outros profissionais, com objetivo de adquirir experiência, aprender os conceitos e as técnicas básicas referentes ao trabalho em desenvolvimento. A IC é muito importante na formação do aluno, pois o aluno que participa destes projetos tem a oportunidade de conhecer diversas linhas de pesquisa ao longo da sua graduação e escolher em qual área gostará de trabalhar no futuro. Ainda, os alunos de IC participam de eventos científicos e também de eventos de divulgação da ciência, levando para fora da Universidade e outros centros de pesquisa, os conhecimentos produzidos.

Após passar pela graduação, o aluno já formado, em qualquer área do conhecimento, seja em Ciências Biológicas, Exatas ou Humanas, que queira se manter na Academia e tornar-se pesquisador, terá um caminho longo à sua frente. Esses profissionais desenvolvem projetos de pesquisas como estudantes de pós-graduação. Você já ouviu falar em pós-graduação? No Brasil, os estudantes de pós-graduação são os principais responsáveis pelo desenvolvimento da ciência e tecnologia no país! De acordo com o portal do Ministério da Educação (MEC) (www.mec.gov.br), o Brasil possui mais de 100.000 estudantes de pós-graduação inseridos em todas as áreas do conhecimento.

Durante a pós-graduação, o primeiro passo dessa longa caminhada é o Mestrado. O curso de Mestrado possui dois anos de duração e durante esta etapa, o estudante deve desenvolver uma pesquisa a qual, ao seu final, é submetida a um grupo de pesquisadores, para que esses avaliem o que foi produzido. O trabalho pode ser teórico, revisando algum assunto já presente no meio científico, ou prático, testando alguma ideia ou hipótese prévia do Mestrando. Os alunos de Mestrado são os principais responsáveis pela sua pesquisa, porém, é importante lembrar que eles têm a ajuda de alunos de IC-Júnior e IC e que são orientados e supervisionados por professores e profissionais já Doutores, os quais passam os seus conhecimentos e ajudam na elaboração do trabalho. Esses profissionais que supervisionam e orientam o trabalho são chamados de Orientadores. A conclusão do Mestrado está condicionada à apresentação do trabalho desenvolvido, para um grupo de pesquisadores, os quais conferem ao estudante o título de Mestre. O título de Mestre representa a conclusão da primeira etapa deste longo caminho. Vencido o Mestrado, o profissional que busca se tornar pesquisador chega ao Doutorado. O curso de Doutorado possui quatro anos de duração e durante este período o estudante deve realizar um trabalho inédito que também será, ao final, avaliado por um conjunto de pesquisadores. Assim como no Mestrado, os alunos de Doutorado são responsáveis pela pesquisa que desenvolvem, porém, possuem auxílio de alunos de IC-Júnior, IC e Mestrado, os quais contribuem formando uma verdadeira equipe! O estudante de doutorado também possui a orientação e supervisão de um pesquisador doutor, o qual irá auxiliar em todos os processos. O título de Doutor é conferido ao aluno após os quatro anos e se um grupo de pesquisadores aprovarem e acharem inovador o trabalho que foi realizado.

Como vocês podem ver, o pesquisador possui um caminho enorme para que ele seja reconhecido e possa contribuir com a ciência no país e no mundo. Sim! A ciência brasileira é reconhecida e bem vista no mundo inteiro! E engana-se quem pensa que é simples fazer parte de um curso de Mestrado e Doutorado no Brasil. Os pesquisadores devem se dedicar ao máximo para que consigam esta oportunidade. Para entrar em um programa de pós-graduação, o profissional formado em qualquer área do conhecimento precisa passar por um processo de seleção (avaliação), constituído por diversas etapas. As etapas variam de um programa para o outro, mas engloba, geralmente, uma prova escrita, sobre conteúdo específico, relacionado à área do conhecimento que o profissional faz parte; uma prova de inglês, onde os profissionais são testados em relação à sua capacidade de ler e interpretar textos científicos em inglês; a apresentação do projeto que será desenvolvido durante o curso de Mestrado e Doutorado, de modo que o programa possa verificar a sua viabilidade e aplicabilidade; uma entrevista e, por fim, a avaliação do currículo do profissional, para que seja possível verificar as experiências e competências prévias do futuro estudante de pós-graduação.

O grau de Doutor é o último grau acadêmico existente e ao se tornar Doutor, o profissional é, enfim, considerado pesquisador e poderá atuar como professor no Ensino Superior e como pesquisador, orientando alunos desde alunos de IC-Júnior, até estudantes de Doutorado. Pesquisadores doutores podem se especializar ainda mais em determinado assunto e para tal existem os estágios pós-doutorais, ou Pós-Doutorado. O Pós-Doutorado tem a duração de um ano ou mais e pode ser realizado em qualquer momento na vida do pesquisador e contribuem ainda mais para melhorar a qualidade da produção científica no país.

Viu como é longo o caminho para se tornar pesquisador?

Assim, o grande desafio do Brasil agora é o reconhecimento da profissão de pesquisador, ou seja, a inserção deste como profissional com direito a carteira de trabalho assinada, assim como já ocorre em outros países. Ainda precisamos avançar muito quanto à difusão e valorização do cientista no país, visto que, o papel dessas pessoas é extremamente relevante para o desenvolvimento socioeconômico, ambiental e tecnológico!

Gostou?

A Capivara convidou diversos pesquisadores para nos contar, nas próximas semanas, mais um pouco sobre o funcionamento da ciência no Brasil. Na próxima postagem, iremos discutir como os conteúdos produzidos no ambiente acadêmico são divulgados para o meio científico no Brasil e no mundo! Você já ouviu falar em Revistas Científicas? Não?! Então fique de olho no BLOG que os amigos da Capivara vão contar tudinho pra gente!

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