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Você sabe o que a vaca tem a ver com o efeito estufa?

Foto do escritor: Capivara ReflexivaCapivara Reflexiva

Atualizado: 20 de jul. de 2019

Por Franciane Cedrola

Doutoranda em Ciências Biológicas – Comportamento e Biologia Animal (Zoologia), Universidade Federal de Juiz de Fora


As vacas pertencem a um grupo de animais conhecidos como ruminantes. Deste grupo, também fazem parte as ovelhas, as cabras e até mesmo as girafas! Esses animais apresentam um sistema digestório muito diferenciado, não encontrado em nenhum outro mamífero. Isso porque, eles possuem o estômago dividido em quatro compartimentos. O rúmen, o retículo, o omaso e o abomaso (Figura). Esta característica faz com que a digestão nestes animais também seja totalmente diferente.

Mamíferos não ruminantes possuem o estômago não-compartimentalizado, e assim, realizam apenas digestão do tipo química. Isso quer dizer, que o estômago destes animais digere o alimento por meio de enzimas, que são proteínas capazes de quebrar o alimento em pequenas partes para que possa ser absorvido pelo organismo. Dessa forma, os animais recebem o alimento pela boca, realizam a mastigação, o engolem, e posteriormente ele vai para o estômago para ser digerido quimicamente. Enfim, os nutrientes são absorvidos pelo intestino.

Nos ruminantes, conforme dito, o mecanismo é completamente diferente. O animal recebe o alimento pela boca, porém, ele não é mastigado num primeiro momento. Ele é engolido imediatamente e enviado ao primeiro compartimento estomacal, o rúmen. No rúmen, ao invés da digestão química, ocorre outro tipo de digestão, a digestão microbiana. Isso porque, o rúmen abriga, em seu interior, diversos micróbios, como bactérias, protozoários, e fungos, os quais digerem inicialmente o alimento. Esta digestão microbiana é muito importante, pois permite que o animal aproveite muito mais os nutrientes do alimento. Após a digestão microbiana no rúmen, o alimento parcialmente digerido, segue para o retículo, onde continua a ser digerido pelos micróbios. Então, algo bem diferente acontece. O animal regurgita o alimento parcialmente digerido, retornando-o à boca para que ele seja, então, mastigado. Esse processo é denominado ruminação. O animal mastiga o alimento que então, segue para os 3º e 4º compartimentos do estômago (omaso e o abomaso), onde, enfim, ocorre a digestão química. A absorção dos nutrientes em ruminantes ocorre tanto no estômago como no intestino.

Entretanto, apesar deste mecanismo digestivo ser altamente eficiente, a atividade microbiana no estômago produz diversos gases ao longo do processo. Dentre tais, o metano (CH4), gás tóxico para o ambiente, o qual é eliminado pelo animal ruminante, pela boca e pelo ânus. Ou seja, a vaca “arrota” e “solta pum” que poluem o ambiente! E muito (Figura)!

O metano é tóxico, pois é um dos principais gases que intensificam o efeito estufa, e contribuem para as mudanças climáticas!

O efeito estufa é um processo natural e de vital importância para o planeta Terra. É o que mantém o nosso planeta adequadamente aquecido. Sem ele, a Terra seria muito fria e totalmente imprópria para vida conforme a conhecemos. O problema é que o ser humano contribui para a intensificação deste fenômeno natural, o que gera prejuízos incalculáveis à vida no planeta, a qual tem sofrido muito com o desequilíbrio nas temperaturas.

O Brasil é um dos países que mais contribuem para a liberação de metano na atmosfera terrestre, liderando o segundo lugar neste ranking. Ainda, dentre todas as fontes possíveis, a digestão microbiana no estômago de animais ruminantes representa a maior parcela, cerca de 70% das emissões. Isso ocorre porque o Brasil mantém enormes rebanhos de bovinos de corte, os quais estão em intensa digestão microbiana e consequente liberação de gases.

Então, de modo que são os micróbios os responsáveis pela produção de metano, conhecer de forma aprofundada estes micróbios pode ajudar a diminuir a quantidade deles no estômago do ruminante, chegando em uma combinação que seja vantajosa para o processo digestivo do animal, mas que agrida o menos possível o nosso ambiente! E é exatamente isso que os pesquisadores tem estudado nos últimos anos!



Figura

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Leitura recomendada

Bordim, S.; Cedrola, F.; D'Agosto, M.; Dias, R.J.P. 2017. Microscópios e eficientes: Importância dos microrganismos para o ambiente ruminal. Revista Brasileira de Zoociências, 17(2)-28-30.

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